Na semana passada a biblioteca da ESCS acolheu professores e alunos para assistir a mais um debate: comemorou-se, também cá na escola, o Maio de ’68.
Há precisamente 40 anos, as ruas por toda a França estavam repletas de gente – voavam pedras, ideias e sonhos. Uma rebelião que começou nas Universidades e a que se juntaram dois terços de todos os trabalhadores daquele país de Norte a Sul paralisado.
40 anos depois, discutiram-se na ESCS as revoltas estudantis nas nossas universidades e o impacto do Maio de ’68 em Portugal.Há precisamente 40 anos, as ruas por toda a França estavam repletas de gente – voavam pedras, ideias e sonhos. Uma rebelião que começou nas Universidades e a que se juntaram dois terços de todos os trabalhadores daquele país de Norte a Sul paralisado.
João Paulo Avelãs Nunes, professor e investigador da Universidade de Coimbra, fez uma contextualização do movimento estudantil durante o Estado Novo. Traçou-se o perfil de uma Universidade reservada às classes dominantes, tradicionalmente apoiantes do regime, mas em que, durante toda a ditadura, não houve um só ano em que não se tenha dado uma revolta estudantil significativa.
Foi no entanto nos anos 60 e 70, com a emergência dos grupos de estudantes católicos progressistas e com a radicalização e multiplicação de ideias à esquerda (por exemplo maoistas), que o movimento estudantil antifascista mais força alcançou.
Fernando Rosas, historiador e deputado da Assembleia da República, partilhou a experiência de quem não só estudou, mas viveu e participou nas revoltas estudantis da altura.
A revolta de Maio de ’68 – que então acompanhavam por exemplo na casa de um dos estudantes, discutindo e escutando os discursos revolucionários através de cassetes que alguém conseguira trazer de França – só teve impacto em Portugal um ano depois.
Em 69 deram-se as grandes revoltas estudantis em Lisboa e sobretudo em Coimbra, por uma Universidade nova e democrática, contra a ditadura e a guerra colonial. Mas havia uma grande diferença em relação ao Maio francês: aqui o objectivo passava claramente pelo derrube do fascismo e a tomada do poder.
A discussão alargou-se aos alunos, que intervieram e interrogaram os convidados. Falou-se da apropriação do Maio de ‘68 pelas várias correntes políticas, das mudanças concretas que este acontecimento trouxe à sociedade, do movimento estudantil actual, num contexto de grandes reformas e de injustiças sociais crescentes e da necessidade de não se deixar de organizar acções como este debate.
Vários professores, incluindo os três membros do conselho directivo, também não deixaram de marcar presença na biblioteca. Uma moderação exemplar coube a Maria Inácia Rezola, professora da ESCS, que, por sua vez, louvou a iniciativa da Cultra e d’A Farpa.
O nosso obrigado agora aos oradores, à Cultra, ao conselho directivo, ao gabcom, às funcionárias da biblioteca e a todos os que vieram assistir ao debate!
“Se formos apenas mais uma escola, seremos uma escola a mais”
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