domingo, 30 de março de 2008

Estudantes contra Bolonha



Há uns meses, os alunos de Comunicação Social da Universidade do Minho mostraram a sua posição quanto ao Processo de Bolonha. E chamaram a atenção para problemas que nos dizem respeito a todos:

As licenciaturas de 3 anos são cada vez menos reconhecidas no mercado de trabalho, não nos permitem por exemplo dar aulas, o que nos obriga a seguir pelo mestrado para ter o mesmo reconhecimento que nos era dado pelas licenciaturas antigas. Na Universidade do Minho, as propinas do mestrado são muito mais altas que as da licenciatura, e para o ano deixará de haver bolsas.

É profundamente injusto e elitista que os mestrados sejam ainda mais caros do que as licenciaturas e que possam ser discriminados na acção social. No entanto, é o que está a acontecer em cada vez mais faculdades.

Para já, na ESCS o mestrado está longe de ser acessível a todos os alunos, devido às vagas limitadas e à procura por parte de alunos de fora da ESCS, mas ainda custa o mesmo que a licenciatura.



No início deste mês foi a vez de os estudantes espanhóis, por todo o país, exigirem a revogação da Ley Orgánica de Universidades (LOU) e das restantes leis que implementam o Processo de Bolonha. Só em Barcelona estiveram 10 000 alunos nas ruas.

fonte: AGIR (Universidade do Minho)

quinta-feira, 27 de março de 2008

Maio de 68, 40 anos depois - Colóquio Internacional em Lisboa


"Maio de 1968. Em Paris anuncia-se o início de uma luta prolongada. Quatro décadas depois, este colóquio internacional reúne um conjunto de reputados intelectuais cujas investigações permitiram voltar a olhar para 1968 nas suas mais variadas dimensões. Levando o debate mais além das repetidas alusões ao cariz geracional e estudantil da revolta, mapeando 1968 para lá das fronteiras da França, o colóquio confronta a importância de 1968 na emergência de novas subjectividades políticas, analisa a dimensão de luta de classes que atravessa o período e discute a persistência de Maio'68 nos conflitos políticos contemporâneos."

quarta-feira, 26 de março de 2008

Planos para esta sexta?

Aos jovens professores, jovens funcionários, trabalhadores-estudantes, estagiários, alunos solidários e ex-alunos da ESCS:

terça-feira, 25 de março de 2008

Expresso: jornalista a recibos verdes pede regularização da situação e é dispensada


Comunicado da Comissão de Trabalhadores do Expresso:

A Comissão de Trabalhadores tomou conhecimento das circunstâncias em que a nossa camarada Isabel de Oliveira, jornalista da política, foi dispensada (de respeitar hierarquias e cumprir agenda), terça-feira à tarde, por decisão do director do jornal.

O motivo alegado foi a quebra de lealdade para com a direcção e o editor da área. Em causa está o envio de uma carta à administração, na qual Isabel Oliveira expôs o seu caso e pediu a regularização da sua situação.

A jornalista em causa, paga através de recibos verdes há pelo menos oito anos, tinha uma área atribuída (fazia a cobertura do Bloco de Esquerda) e estava integrada na agenda da redacção.

Questionou, por diversas vezes, a não regularização da sua situação, isto é, a integração no quadro da empresa, a última das quais através de uma carta enviada à administração do jornal.

A Comissão de Trabalhadores considera que, no caso em apreço, Isabel Oliveira já deveria ter sido integrada no quadro. A sua situação foi, por diversas vezes, abordada nas reuniões entre a CT e a Administração. Nunca foi afastada a hipótese de integração no quadro, apenas adiada.

A dispensa da jornalista é, na opinião da CT, uma situação inaceitável e porque diz respeito a todos os trabalhadores, convocamos o Plenário de Trabalhadores para dia 18, terça-feira, às 15 horas, no anfiteatro da empresa.

Expresso, 12/03/2008

Entretanto o director do Expresso, Henrique Monteiro, reagiu ao DN afirmando que a carta enviada por Isabel de Oliveira directamente à administração "foi de uma deslealdade total para com a direcção e para com o editor" de política.

O Sindicato dos Jornalistas está a prestar "apoio jurídico e sindical no sentido de que este despedimento seja anulado e de que a jornalista regresse à redacção", como explicou Alfredo Maia, presidente do SJ, também ao DN.

terça-feira, 18 de março de 2008

Os Professores e o Ensino

No sábado passado estiveram 100 mil professores nas ruas. Agora terminou uma semana de luto nas escolas. Nunca na nossa História uma única classe profissional se mobilizara assim.
(foto de Raúl Alexandre)
Fala-se sobretudo do ensino básico e secundário. E no ensino superior, tudo está bem com os professores?

O processo de Bolonha foi-nos imposto, e à pressa. Mas trazia uma ou outra ideia interessante: "A responsabilidade pela aprendizagem é tanto do professor como do aluno, como da Escola. O contacto aluno/professor tem de aumentar substancialmente, através de trabalho de acompanhamento e tutoria, com uma distribuição regular ao longo do período escolar."

Na ESCS, como noutras faculdades, aconteceu o contrário: com Bolonha os professores têm agora ainda menos tempo para qualquer tipo de acompanhamento. Por outro lado, o trabalho do professor aumenta, mas o estatuto da carreira docente não é revisto, e desprotege cada vez mais os professores.

No mês passado, o presidento do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) denunciou ao Jornal de Negócios os direitos que estão a ser violados: cargas horárias que são ultrapassadas, a não concessão de licenças sabáticas (dispensa da actividade docente para o desenvolvimento profissional dos professores), professores que veêm multiplicado o número de disciplinas que têm de leccionar para lá do que seria aconselhável do ponto de vista pedagógico. E dispara: "nos institutos politécnicos há muitos docentes que têm vínculos absolutamente precários, com contratos anuais, de seis ou três meses em alguns casos, ao longo de anos."


Nós não só nos solidarizamos com os problemas dos professores, como também os sentimos na educação que recebemos.

Na ESCS, o próprio conselho directivo reconhece-o, quase todos os professores estão neste momento encostados ao limite máximo de horas de trabalho. Qualquer iniciativa que saia do estrito horário das aulas e que envolva professores (como os cursos livres) está absolutamente limitada. Está limitada a própria vida e dinamismo na escola.

E mesmo que não esteja posto em causa o funcionamento normal das aulas, temos de questionar se não o estará a qualidade do ensino que se pratica. Haverá condições e tempo suficiente para preparar as aulas? Para corrigir testes e trabalhos? Acima de tudo, para acompanhar o trabalho e o progresso dos alunos? Cada aluno da ESCS o sabe: não há. Tudo ao contrário da proposta de Bolonha.Na ESCS, também o sabemos, há por vezes professores que "servem" para dar todo o tipo de cadeiras, um pouco conforme der jeito.

Na ESCS há muitos professores com contratos de trabalho anuais, que não sabem se no ano seguinte terão trabalho.

Como chegámos até aqui? Para o Presidente do SNESup, a causa da "doença" que hoje existe nos ensino superior é só uma: os "cortes orçamentais brutais" por parte do governo. Na ESCS, o conselho directivo também o reconhece: nos últimos anos as verbas do Estado não aumentaram pouco, nem estagnaram - elas diminuiram, 30%!

A asfixia financeira está a deteriorar as condições de trabalho dos nossos professores e a qualidade do nosso ensino. Vai empurrando as faculdades para a procura de lucro próprio e para as parcerias com as empresas, por um lado, e para a diminuição do investimento, por outro.

Está em jogo a vida das pessoas que dão aulas na escola. Mas também está em jogo a qualidade e a independência do ensino superior, tal como a possibilidade de todos lhe poderem aceder.

Estudantes e professores devem partilhar problemas e preocupações. Juntos, devemos lutar contra a precarização do trabalho. Juntos, devemos lutar por maior investimento na educação - por um ensino superior público, justo e de qualidade!

"Se formos apenas mais uma escola, seremos uma escola a mais."


Entrevista (muito interessante) de Paulo Peixoto ao Diário de Negócios