quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Dia do Trabalhador

Em 1886, os sindicatos convocaram uma greve geral para o dia 1 de Maio. A classe trabalhadora norte-americana parou as máquinas e encheu as ruas para reivindicar a redução da jornada para as oito horas. Contudo, em Chicago, onde as condições de trabalho eram mais duras que no resto do país, as mobilizações continuaram. Para furar a greve, os proprietários da única empresa em laboração, a fábrica de maquinaria agrícola McCormik, contrataram operários /amarelos/. Mas a resposta não se fez esperar. A ofensiva patronal foi prontamente contestada por milhares de trabalhadores que se lançaram no confronto físico com os fura-greves. É então que a polícia, sem avisar, assassina seis operários e provoca dezenas de feridos.

(1º de Maio de 1974 em Portugal)

A revolta apodera-se do movimento operário que apela à mobilização para uma manifestação no dia seguinte na praça Haymarket. O apelo, que aqui reproduzimos, reflecte a radicalização dos trabalhadores face à repressão sofrida. "Trabalhadores: a guerra de classes começou. Ontem, em frente à fábrica McCormik, fuzilaram operários. O seu sangue pede vingança! Quem poderá duvidar agora de que os chacais que nos governam estão ávidos de sangue trabalhador? Mas os trabalhadores não são um rebanho de carneiros. Ao terror branco respondamos com o terror vermelho! É preferível a morte que a miséria. Se se fuzila os trabalhadores, respondamos de tal forma que os amos o recordem por muito tempo. É a necessidade que nos faz gritar: Às armas! Ontem, as mulheres e os filhos dos pobres choravam os seus maridos e os seus pais fuzilados, enquanto que nos palácios dos ricos se enchiam copos de vinho caro e se bebia à saúde dos bandidos da ordem...Secai as vossas lágrimas, vós que sofreis! Tende coragem, escravos! Levantai-vos!".

No dia seguinte, concentram-se na praça Haymarket mais de 20 mil trabalhadores. Apesar da tensão, o protesto é pacífico. Às 21.30, o presidente da Câmara Municipal dá o acto de protesto por terminado mas os operários não abandonam o local. A polícia lança-se sobre eles e reprime duramente os manifestantes. Como resposta, rebenta uma bomba que mata e fere polícias. Desata, então, o tiroteio policial que levou à morte de dezenas de pessoas. Nos dias seguintes, o movimento sindical é perseguido e reprimido. Três trabalhadores são condenados à prisão e cinco à morte por enforcamento.



Apesar disso, uma boa parte dos trabalhadores conquista as oito horas. O sucesso da luta provou que a unidade operária é fundamental para a transformação económica e social. Milhares de trabalhadores aderem aos sindicatos que gozam de grande prestígio e, três anos depois, em 1889, o Congresso da II Internacional marca manifestações anuais em todos os países, a cada 1 de Maio, pela jornada de trabalho de oito horas. Anos depois, a II Internacional proclama o Primeiro de Maio como o dia internacional de reivindicação de melhores condições laborais. A França e a União Soviética foram os dois primeiros países a estabelecer um feriado para este dia, o que só veio a acontecer em Portugal a partir de 1974. Durante a ditadura fascista, as manifestações não eram permitidas mas, ainda assim, milhares de trabalhadores arriscaram saindo às ruas para comemorar o dia internacional do trabalhadores e exigir o fim do fascismo.

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